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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Desígnios autônomos

A intenção sucedeu o saber
O saber sucedeu o controle
O controle sucedeu o prazer
E este por sua vez foi supérstite

E com o tempo tudo tronou-se infame
Os atos todos sempre precípuos
O olhar e a fala
O laço e a calma

O tempo tronou-se escuso
Sucedendo sempre o furacão da vivência
E os dias tornaram-se nós
E nós nos tronamos supérstites

Em meio ao nosso caos fui teu parasselênio
Pairada em meu universo
E sem ter lua para iluminar
Me limitei a minha própria alma

O coração sucedeu a cortesia
E a alma sucedeu o coração
Nesse meu teatro abandonado
Fui sempre teu condão

Perdi-me nas vivências
Mas encontrei-me em meus desígnios
E por mais que tenham sido uma expressão cruel de mim
Estes foram verdadeiramente autônomos!



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Hoje eu acordei com uma saudade absurda
Do jeito como me acordava
Como me abraçava
Como me amava.

Hoje eu acordei e chorei
copiosamente
Por todas as lembranças
Boas e ruins.

Hoje eu acordei e te senti tão perto
Como se estivesse pensando em mim
do mesmo jeito que eu pensava em você.

Hoje eu acordei e tive a certeza
De que você sempre esteve
Mas nunca mais estará
Nunca.

Hoje eu acordei e tive a certeza
Que depois que você se foi
Eu sempre estive
E sempre estarei só.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Infungível

Se não houver
Eu perdi
Desvaneci
Me rendi

Se não houver
Eu corri
Armei
Mas senti

Se não houver
Desamores
Desanimados
Temores

Se não houver
Não sabemos
E acho até
Que nunca saberemos

Se não houver
Me fudi
Me criei
E até concorri

Se não houver
Não senti
Me perdi
Mas nunca menti

Se não houver
Calmaria
Mas havendo
Quem saberia?

Mas me diga
Se não houver outra vida
Essa aqui
Você viveu?

terça-feira, 7 de março de 2017

Um dia

Um dia a gente entende
Nem sempre podemos ter ao nosso lado todos aqueles que amamos
Algumas pessoas precisam ir
É a lei da vida

Um dia a gente entende
O quanto é importante um abraço
Um demorado beijo
E um bom bocejo

Um dia a gente entende
Nem todos vão nos amar como os amamos
Mas isso em nada nos impede
De mostrarmos o que sentimos

Um dia a gente entende
Que mais vale um só bom amigo
daqueles que fala tudo contigo
do que rodeada de gente que nem te compreende

Um dia a gente percebe
O quanto pode ser libertador perdoar alguém
Esquecer
Se libertar de mágoas

Um dia a gente entende
mesmo que o amor seja suficiente pra você
de certa forma ou de muitas formas
pode não ser suficiente para o outro

Um dia a gente entende
O valor de ouvir e ser ouvido
Naquelas conversas bobas
Naquelas conversas boas

Um dia a gente descobre
Que pode ter mais felicidade na vida
simplesmente
dando felicidade à alguém

Um dia a gente descobre
Que amigos de verdade também vão mudar
Mas que sempre serão amigos
Se o sentimento não terminar

Um dia a gente descobre
Que certos momentos exigem mais de nós mesmos
Do que achávamos que poderíamos suportar
E então descobrimos que suportamos

Um dia a gente entende
Que vão nos machucar
Nem sempre vão saber nos amar
Que as pessoas erram e nós também, e muito!

Um dia a gente entende
Que as vezes é bom deixar pra lá
Não ligar, não se importar
Não se estressar

Mas um dia a gente entende
Que não importa o que almejamos
Dessa vida só o que levamos
São os sorrisos que deixamos na alma de quem amamos.





sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Persépolis

Entre um café e outro ela segue intrigada
vasculha seus livros
Relembra leituras
Mas não encontra nenhuma palavra

Talvez ela queira parar de olhar a chuva
Torrencial
úmida
Triste

Talvez ela só precise deitar
dormir
pensar
quem saberá?

Talvez ela queira uma nova fuga
uma nova paisagem
uma nova vida
Uma nova luta

Ou
talvez
mas só talvez
ela precise parar de lutar

Talvez ela queira mesmo se entregar
sonhar
apreciar
Se acostumar

Entre um chá e outro ela segue inanimada
procurando respostas
de perguntas nunca feitas
Segue calada

Mas talvez ela só precise de outro café
Ou outro chá
Talvez, apenas
E só apenas, Marji só precise dormir

Por fim
Ela conseguiu
Se tornou
A última profetiza da galáxia.